PESQUISA DE OPINIÃO, MOMENTO E VERDADE DOS FATOS!!


A matéria publicada no caderno Cotidiano do jornal Folha de São Paulo, nesta sexta-feira (6), sobre uma pesquisa do instituto Datafolha acerca da confiança dos paulistanos na Polícia, deixa inúmeros questionamentos em aberto quanto ao tipo de trabalho realizado. Cabe contestação!

O momento escolhido para a coleta de opiniões, logo após uma tragédia humana envolvendo maus policiais induz, de certo modo, um conceito a priori negativo. Some-se, a isso, a metodologia utilizada que não deixa claro o critério empregado e, pelo que parece, limita as respostas dos entrevistados ao extremo, ou seja, “confiar absolutamente” ou “não confiar”. Isso impede uma conclusão mais precisa sobre o efetivo nível de confiança.

A Polícia Militar é uma Instituição pautada no compromisso com a cidadania, constituindo-se num dos maiores sustentáculos da democracia no País e o maior órgão de defesa dos Direitos Humanos; todavia, é formada por pessoas que pertencem à sociedade na qual está inserida. Muitos daqueles que dizem temer a polícia incentivam a prática de não-conformidades em certas ações, indesejadas pela Instituição. Apesar disso, os eventuais maus policiais são implacavelmente punidos, comprovando-se os valores absolutos de legalidade que ela sustenta.

Apesar de questionar os resultados da pesquisa Datafolha, a Polícia Militar trabalha incessantemente para melhorar o relacionamento com a comunidade. Para tanto, encontra-se em fase de contratação uma pesquisa de opinião que permita aferir, com precisão, o índice de confiança no trabalho policial, a sensação de segurança e a de vulnerabilidade, com o objetivo de desenvolver ações específicas e de responsividade. O trabalho precisa ser desenvolvido de modo a não se deixar influenciar por momentos específicos ou perguntas e conclusões reducionistas, diante de um tema de grande complexidade.


O efeito da abordagem de episódios negativos envolvendo policiais certamente condiciona as respostas de alguns cidadãos, vez que não refletem com a devida racionalidade sobre o assunto. É natural que se fale da Polícia Militar e que se abordem as excepcionais intervenções irregulares, pois ela é a linha de frente da Segurança Pública no Estado. Por isso, é compreensível que seja alvo de críticas descabidas e longe da realidade dos fatos.

Ainda, não se podem questionar os números apresentados pelos valorosos policiais militares, com milhões de intervenções e milhares de salvamentos todos os anos. Em todo o Estado, mais de 4,5 milhões de pessoas acionam os serviços da Instituição todos os meses e, note-se, esse número vem aumentando. Essa é uma das mais inquestionáveis provas da confiança crescente no trabalho da PM.

A Polícia Militar vem melhorando continuamente seus processos e serviços e considera todas as opiniões e trabalhos técnicos que permitam extrair lições objetivas e verdadeiras. Contudo não se pode concordar com as conclusões tiradas de uma pesquisa com recorte temporal e metodologia questionáveis e sem identificação de pontos específicos do desejo social por uma polícia que atenda amplamente os seus anseios. O objetivo da pesquisa aparenta ser o de arranhar a imagem da Polícia Militar e, quanto a isso, não podemos silenciar.


Ricardo Gambaroni, 50 
É Coronel, Comandante Geral da Polícia Militar

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