Alckmin reforça efetivo policial para o Dia dos Namorados 

A ação, que visa combater assaltos a restaurantes, resume-se à data festiva. O combate efetivo à onda de ocorrências deste tipo será feito com intensificação de ações existentes e implantação de programa sem data para começar

Valmar Hupsel Filho
O governador Geraldo Alckmin recebe empresários do setor de bares e restaurantes: medidas contra a onda de arrastões
O governador Geraldo Alckmin recebe empresários do setor de bares e restaurantes: medidas contra a onda de arrastões (José Luís da Conceição/Palácio dos Bandeirantes)
Horas depois de mais um arrastão a bares e restaurantes ocorrido este ano na capital paulista - o 14º, segundo dados oficiais do governo do estado -, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) se reuniu por cerca de uma hora com representantes de donos de bares e restaurantes de São Paulo e anunciou reforço policial para este Dia dos Namorados. Para o combate efetivo à onda de ocorrências deste tipo, no entanto, as medidas anunciadas não passaram de ações já existentes e da implantação de um programa que não tem data para começar. 
Para o Dia dos Namorados, uma das datas de maior movimento para o setor, o efetivo policial será reforçado com mais 390 militares e 215 viaturas – que se unem aos 3.500 homens e 942 viaturas já em atividade. A previsão, segundo o governador Geraldo Alckmin, é aumentar em mais sete mil o efetivo de policiais nas ruas em todo o estado, mais da metade na Região Metropolitana de São Paulo, com relocação de policiais que atuam em funções administrativas. 
Para os demais dias, o governador anunciou a intensificação de ações baseadas em quatro diretrizes básicas, que devem ser tomadas não só pelo governo do estado, mas também pelos donos dos estabelecimentos e em conjunto entre os dois setores. "Este é um trabalho permanente, uma guerra em que temos que vencer uma batalha por dia", disse Alckmin. Ele classificou como proveitosa a reunião, realizada para "ouvir os problemas e traçar as principais metas de atuação”, segundo ele.
Do lado dos empresários, ficou estabelecido que os estabelecimentos deverão reforçar a “prevenção primária” – ações como aumentar a iluminação em frente ao estabelecimento ou instalação de circuitos internos de TV e a contratação de seguranças. O governo do estado se comprometeu a intensificar ações de polícia, fortalecer a investigação e aumentar a proporção de solução de crimes. 
Em conjunto, poder público e privado vão implantar o programa Vigilância Solidária, onde os donos de estabelecimentos irão cadastras seus dados e de suas casas junto à polícia para facilitar e agilizar sua capacidade de resposta. As diretrizes do programa, no entanto, ainda serão definidas em reunião, nesta quarta-feira, entre representantes dos donos de restaurantes e o secretário de Segurança Pública, Antônio Ferreira Filho. 
O secretário disse que as polícias vão intensificar as ações de combate aos receptadores, uma vez que nesta modalidade de crime, em sua maioria são levados cartões de crédito e telefones celulares. Segundo ele, são várias as quadrilhas a praticar este tipo de crime de “delitos de multidão”, formadas principalmente por jovens integrantes, inclusive menores de 18 anos. 
“Teve a onda de sequestros, de assaltos a caixas eletrônicos e agora é a de assalto a restaurantes”, disse. A polícia, de acordo com o secretário, tem intensificado suas ações principalmente nas regiões Sul, Oeste e Centro onde ocorreram os assaltos – 14 segundo ele. “Setenta por cento dos casos foram esclarecidos, com prisão e reconhecimento dos assaltantes”, disse. 
Ao participarem do Vigiância Solidária, os restaurantes serão cadastrados, com registro de nomes dos proprietários e telefone, e ostentarão em suas portas adesivos alusivos ao programa, descreveu o comandante da Polícia Militar de São Paulo, coronel Roberval Ferreira França. A proposta é diminuir o tempo de resposta da polícia, que, segundo ele, é de três a seis minutos. 
A reunião foi considerada positiva pelo vice-presidente Federação dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de São Paulo (Fhoresp), Antônio Henriques Branco. “Saímos satisfeitos com a audiência”. A entidade, que reúne cerca de 17 mil associados, não tem dados quantitativos de assaltos, mas segundo Henriques “tem aumentado nos últimos meses” e já causou redução média de 20% da frequência nos estabelecimentos.  
O último foi o por volta da 1h da madrugada desta terça-feira no restaurante Balcão, localizado na rua Doutor Melo Alves, zona oeste da capital paulista. Dois homens entraram pelas portas dos fundos, renderam garçons e em questão de minutos roubaram pertences (bolsas, celulares) de clientes e dinheiro do caixa, numa ação semelhante aos recentes assantos ocorridos na capital paulista. 

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