Projeto social de hóquei in-line ajuda na formação de jovens em Araçatuba


Devido ao clima tropical brasileiro, jogar o hóquei no gelo só é possível em ringues de patinação, normalmente, montados dentro de shoppings e galerias de grandes cidades. Foi sua adaptação para o hóquei in-line, jogado com patins de rodas em linha ao contrário de lâminas, que possibilitou a prática do esporte em lugares onde as temperaturas não formam gelo naturalmente. Mesmo com a pouca divulgação, atualmente, o interesse nacional vem crescendo. No Brasil existem campeonatos de âmbito nacional. Há pouco tempo a National Hockey League (NHL), principal liga de hóquei no gelo do mundo, voltou a ser transmitida por um canal por assinatura após um intervalo de cinco anos. No ano passado, emissoras abertas e sites brasileiros acompanharam e mostraram competi-ções ao vivo no Jogos Olímpicos de Inverno. Tudo isso acarretou no crescimento do número de pessoas que jogam ou acompanham o esporte por fóruns, comunidades, sites e outros meios.

Diferentemente da exposição de hoje, há décadas, a visibilidade do hóquei no Brasil era bastante restrita aos desenhos e filmes, já que assinaturas de TV e internet ainda eram inviáveis financeiramente até para quem tinha uma renda acima da média. E foi exatamente assim que nasceu a vontade da prática do esporte em Cláudio Gouveia, na época em que trabalhava em uma videolocadora.

De origem humilde, Gouveia comprou seu primeiro par de patins com o acerto do serviço e apoio da mãe e continuou alugando filmes que envolviam patinação, para assim, observar e aprender. O tempo passou e ele se casou e teve filhos, responsabilidades que tiraram o tempo para a prática, esfriando sua paixão pelo hóquei. Em 2001, ao ver funcionários de um ringue de patinação, instalado no Araçatuba Shopping, jogando hóquei no gelo, decidiu comprar patins e ensinar seus filhos e sobrinho a patinarem, em uma quadra pública, no Conjunto Habitacional Nossa Senhora Aparecida. “Os primeiros tacos eram canos. Nós queimávamos uns conduítes e os moldávamos na ponta, para poder controlar o disco”, explica Gouveia ao falar sobre as dificuldades do início.

O projeto começou a nascer quando alguns pais do bairro pediram a ele que também ensinasse seus filhos. Hoje, o cabo da Polícia Militar, Gouveia, tem 64 alunos cadastrados e mais de 70 não cadastrados de vários bairros e até outras cidades. Ele conta que, apesar do preço elevado dos equipamentos, compra dois pares de patins por ano, e passa para o time aqueles que ele e sua mulher estavam usando. “Os patins custam em torno de R$ 300 a R$ 500, embora receba desconto das lojas que conhecem o projeto. É complicado. Eu também recebo doações de amigos e de alguns alunos que podem pagar”, diz o patinador, que aproveita a oportunidade e pede auxílio para terminar o uniforme do time e comprar luvas para os goleiros, pois “faltam apenas dois patrocinadores para conseguir confeccionar uniformes para todos. Temos apenas um par de luvas, assim, os dois goleiros ficam com apenas uma cada um, o que dificulta o desempenho”.

PROJETO
“Mais do que praticar o esporte, nosso objetivo é ajudar esses meninos a ter um futuro melhor”, exemplifica Cláudio, ao citar a diretora da Escola Estadual Professora Altina Moraes Sampaio, Maria de Fátima Costa Barbosa, que dá todo apoio. Segundo ele, sempre antes de começar a jogar, seus alunos o ajudam a limpar a quadra e fazer a manutenção dos patins e tacos, isso “aprimora o caráter, cresce a responsabilidade em dar valor aos bens e pensar no coletivo, ser solidário”.

Gouveia também fala que há muito diálogo com os alunos e que procura levar policiais, ex-drogados e pessoas que agreguem boa conduta para falar sobre os benefícios de ser uma pessoa justa e socialmente responsável. “Ninguém muda sozinho, aqui nós só encaminhamos para direção correta”, diz Gouveia, ao explicar o encaminhamento dos jovens às igrejas, Proerd, Cras e outros projetos sociais dos bairros. Segundo ele, o esforço de ajudar esses meninos está dando certo, já que muitos mudaram completamente seu desempenho na escola, em casa e no serviço. Tendo em vista os graves problemas sociais como “mães viciadas, pais assassinados, e outros”, Gouveia se considera realizado em ajudar esses jovens.

CAMPEONATO
O treinador do Hóquei Araçatuba está organizando o segundo torneio de hóquei aberto, que terá oito equipes, sendo sete treinadas por ele, e outro time araçatubense fora do grupo. O treinamento acontece todos os sábados, a partir das 8h30, na escola Escola Estadual Professora Altina Moraes Sampaio, que fica na Rua Bauru, nº 50, no Conjunto Habitacional Nossa Senhora Aparecida.

Fonte: FLÁVIO MARTIN - ARAÇATUBA - Jornal O Liberal

Comentários

  1. Queria agradecer a exposição, muito obrigado pela força, são incentivos como este que movem um jornalista. Além de ser um amante do esporte, considero o cabo da Polícia Militar de Araçatuba Claudio Gouveia um herói.

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  2. Agradecemos a sua participação e o elogio feito a um dos nossos colaboradores.
    Muito obrigado
    Centro de Comunicação Social

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