Policiais Militares dão toda forma de ajuda ao cidadão. Até quando um vem ao mundo...

Matéria publicada no ig.com.br:

A “cegonha” às vezes veste farda, vem de viatura e transforma até mesmo a mais movimentada das avenidas em maternidade.
Ela entra em ação quando o relógio anda de forma acelerada, sem deixar tempo nem para a grávida chegar ao hospital para o parto. Estas “cegonhas” são policiais militares espalhados por todo Brasil.
Na corrida contra a violência urbana, os PMs acabam ajudando mulheres a darem à luz seus bebês por entre ruas da cidade. Isso acontece quando o caminho até o hospital pode colocar em risco a vida da gestante e da criança. São episódios raros, mas que dão um “toque materno” aos boletins de ocorrência.
Condições precárias
“A iluminação era o farol do carro. A maca, o chão sujo embaixo do viaduto. Tudo isso às 23h, em frente a uma favela, com mais de 200 pessoas assistindo”, conta Fábio da Silva, 30 anos, soldado da PM de São Paulo, ao descrever o cenário enfrentado por ele há 23 dias na zona leste da capital paulista, quando precisou fazer o primeiro parto de sua carreira. Nenês (sim, foram gêmeos) e mãe (a Tati, de “20 e poucos anos) passam bem, apesar do nascimento prematuro aos sete meses.
Condições adversas como a enfrentada pelo soldado Silva são praxe sempre que a Polícia Militar precisa fazer às vezes de “parteira”. “Não é uma ocorrência comum de ser atendida, mas quando acontece exige esforço físico e psicológico do policial, pois invariavelmente é uma situação de risco”, explica o sargento Francisco Gutemberg da Silva, que atua no Comando Geral da Polícia Militar da Bahia ao citar exemplos. “A mãe está em trabalho de parto em área de difícil acesso, não há ambulância para fazer o resgate ou o bebê já está nascendo na hora do socorro.”
O sargento nunca fez um parto de fato, mas conta que já participou de dois “quase partos”. “Em duas situações, os bebês estavam para nascer quando chegamos no local”, conta. “Mas conseguimos estabilizar a mãe e chegar até os hospitais, o que nem sempre é possível.”
Os PMs Silva e Reis: corrida contra o tempo e partos na ruaMaternidade a céu aberto
Segundo o Major Marcos Costa, responsável pela Polícia Militar do Ceará, o telefone da polícia 190 sempre é lembrado em situações de emergência. “Por isso, quando uma mulher entra em trabalho de parto e teme não conseguir chegar ao hospital, aciona a polícia por não saber o que fazer.”
Quase sempre o papel da PM no parto é centrado no “giroflex” da viatura. Com a sirene ligada, explica a assessoria de imprensa da Polícia Militar de Minas Gerais, o caminho é aberto para que a corrida até o hospital seja mais rápida e garanta a segurança da mãe e do bebê.
Nem sempre o fator trânsito permite que o trabalho da PM fique restrito ao transporte da gestante. Na cidade de São Paulo, marcada pelos engarrafamentos e longas distâncias entre um bairro e outro, as mãos dos policiais, vira e mexe, têm de fazer trabalho completo.
Nos últimos dois anos, só na capital paulista, foi realizada uma média de três partos por mês (66 no total). O soldado Ernesto Rocha dos Reis, 41 anos, por seis vezes já experimentou a “maternidade a céu aberto”. Ele trabalhava em Cidade Tiradentes, um dos bairros de São Paulo na periferia da zona leste, que só ganhou um hospital em 2008. “Não dava tempo de levar as mães para os médicos. Eu tinha que fazer o parto”, conta o soldado, que estava junto no parto de gêmeos da mãe Tati.
Trocar a morte pela vida
Se os médicos precisam de no mínino seis anos de graduação para atuar fazendo partos nos hospitais, os policiais militares completam apenas um curso básico de socorristas no início do treinamento para entrar na PM.
Por isso, só assumem o papel de “cegonhas de farda” em casos extremos, quando não há outra alternativa, nem mesmo com os serviços móveis de urgência (Samu). Salvar a vida da mãe e do bebê, muitas vezes, é o que recompensa o trabalho dos policiais convocados a fazer partos – eles fazem da intuição a principal arma.
“Nós que sempre lidamos muito perto com a morte, ficamos emocionados ao ajudar também a trazer vida para o mundo”, conta o Tenente-Coronel Djalma Beltrami, que trabalha no 5º Batalhão no Rio de Janeiro.
Há 15 dias, Beltrami viu o seu quartel ser transformado em maternidade. “Um homem apareceu pedindo ajuda para a mulher. Logo atrás, ela já estava com o bebê quase saindo... Fizemos o parto dela no batalhão mesmo”, conta.
Fernanda Aranda, iG São Paulo ,,- 25/03/2010 10:53

Comentários

  1. Sou Policial Militar,e certa vez no atendimento de uma ocorrencia com parturiente, ao chegar no local indicado, deparei com uma cena que jamais havia visto em minha vida. Uma mulher de meia idade, deitada em uma cama, coberta com um edredom, que ao me ver disse. Graças a Deus, voces chegaram. Nunca tinha passado por aquilo em minha profissão. Foi quando ouvi um choro de criança vindo debaixo do edredon. A mulher disse, ja faz alguns minutos que ela nasceu. Foi quando pude perceber que estava diante de uma situação na qual não podia fraquejar, pois ao ver a criança, pude perceber que era prematura. Como o Estado não nos fornece material necessario para agir numa situação dessas, o que tinha em minha frente era o sutien da mulher, que rasguei e retirei a alça amarrando o cordão umbilical da criança, cortando-o em seguida com uma tesoura e socorrendo-a na Viatura ao hospital. Se Deus me desse mil anos de vida, tenho certeza que nunca esqueceria essa passagem. Apesar dos poucos recursos que temos, sabemos que quem esta naquela situação deposita na Policia toda a sua confiança. Mesmo sem o reconhecimento da Corporação, agradeço a Deus por me enviar ali naquele minuto.

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  2. Ser policial Militar significa ser herói do dia a dia, a qualidade de herói que somente é lembrado no momento do sofrimento e esquecido, senão odiado, no dia a dia, mas que por amor à causa pública continua seu trabalho firme, forte e constante.

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  3. Bom-dia, Coronel Camilo,
    Passei só pra dizer que me emociono com histórias como essas. E também que acabo de colocar o blog do senhor entre os favoritos no meu blog Jura em Cy bemol.
    Bom fim-de-semana.
    Muita proteção divina a toda a Corporação.
    Paz e Bem!
    Juracy.

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