RECORD ADMITE NÃO TER IDENTIDADE DE SUPOSTO PM ASSASSINO

Numa reportagem exibida na noite desta quarta-feira (14 de novembro) pelo Jornal da Record, a Rede Record de Televisão cometeu um grave erro de jornalismo ao expor a entrevista de um suposto policial militar que afirma ter matado cinco ou seis pessoas num também suposto esquema de vingança contra as mortes de PMs ocorridas neste ano. 
O pecado jornalístico a que nos referimos é o fato de a emissora ter admitido, em ofício de seu departamento jurídico e também na reportagem, sequer ter a identificação da suposta fonte de informações. Ou seja, um repórter da Record foi escalado para entrevistar uma pessoa que confessa o crime, mas esta entrevista é veiculada sem que o Departamento de Jornalismo da emissora cheque a veracidade da identidade da “fonte”. 
Assim que a emissora exibiu trecho da entrevista na manhã desta quarta-feira, a Corregedoria da Polícia Militar instaurou inquérito policial militar e solicitou formalmente à emissora a identificação do suposto PM, para que este fosse preso e investigado. 
O Departamento Jurídico da Record recusou-se a fornecer a informação, alegando que só o faria mediante decisão judicial. No final da tarde de quarta-feira, o juiz Luiz Alberto Moro Cavalcante, Corregedor Permanente da Justiça Militar do Estado de São Paulo, determinou que a emissora fornecesse à PM cópia da matéria que seria exibida e a identidade do suposto PM. 
Apesar da ordem, o Departamento Jurídico da Record limitou-se, somente, a divulgar a cópia da reportagem. E alegou, para omitir o nome do suposto policial, que os “jornalistas da emissora responsáveis pela matéria (...) não possuem tais informações”. 
Qualquer manual de redação reza que informações, e principalmente denúncias, devem ter a origem e a veracidade checadas antes de serem publicadas ou veiculadas. 
São conhecidos dos jornalistas e telespectadores brasileiros episódios em que entrevistas com criminosos foram forjadas para fazer frente à guerra de audiência. 
Nesse caso da Record, não se pode fazer tal ilação, uma vez que a empresa sequer conhece o entrevistado que utilizou para embasar uma grave acusação. 
Frente a este procedimento que fere o bom senso, a Polícia Militar e a Secretaria de Estado da Segurança Pública avaliam quais serão as providências jurídicas e policias para: esclarecer os supostos crimes noticiados pela “fonte desconhecida” e buscar eventual responsabilização pelas informações divulgadas. 
Em anexo, cópia do ofício do Departamento Jurídico da Record em que a emissora admite não ter informações sobre o suposto policial.



São Paulo, 14 de novembro de 2012. 

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